ARTESANATO no CAPONGA e CASCAVEL - Sem limites para a criação
Nos mares de Cascavel, jangadas desfilam sobre as águas, impulsionadas por homens fortes e dispostos. Em terra, a fortaleza vem das artesãs, que passam horas a fio a modelar o barro, criando arte Diz o relato bíblico que ´do barro fomos modelados e ao barro voltaremos´. Crenças à parte, mulheres e poucos homens de Cascavel, no litoral Leste cearense, utilizam mãos ágeis para modelar a argila e criar um bom número de peças, entre sagradas e profanas, realidades e sonhos. Seu dia-a-dia é de criação no material maleável, tornando duradouro - ao levar ao forno -o que de outro modo se esfacelaria e voltaria a ser simplesmente barro. No forno, a argila moldada vira arte e assegura renda e sobrevivência a dezenas de famílias. Muitos artesãos se conhecem, mas preferem o trabalho solitário, no máximo com um ou dois ajudantes. O diferencial para a venda é a beleza das peças produzidas, utilitárias ou decorativas, em barro liso, encarnado ou tariscado. Da labuta vão surgindo jarras, quartinhas (moringas), potes de vários tamanhos, gamelas, pratos, mealheiros, bilhas, alguidares, figuras lúdicas de animais, pessoas etc. Mas, é comum para o artesão a capacidade de engendrar formas e fazer prevalecer alguma função estética para sua criação. |  |
 | Coisa de mulher Na localidade de Moita Redonda, em Cascavel, mexer com barro é coisa de mulher. Dos homens, elas só pedem a força física para mover grandes peças. Com o barro impregnado nas mãos e pés, as mulheres dizem que o material é capaz de ganhar todas as formas. A imaginação não tem limites. Basta pedir que a gente faz´, enfatiza a ceramista Maria Eunice Araújo, a ´Cotinha´, 63 anos, que ´vive´ do barro desde a infância. Há pelo menos outras 20 artesãs de argila em Moita Redonda. Elas preferem trabalhar sozinhas e acham que associação ou cooperativa não funciona ali. Então, é preciso procurar a Cotinha, a Nazaré, a Salene, a Edna, a Siana... e escolher entre os trabalhos de cada uma das artesãs.  |
| A arte em Cascavel não floresce apenas da perfeita modelagem do barro. O cipó, aquela planta sarmentosa ou trepadeiras que pende das árvores, também se transforma em inimagináveis criações e garante o sustento de inúmeras famílias do município. De quebra, ainda intriga e fascina os turistas. A tradição antiga no lugar virou objeto de admiração e cobiça dos visitantes. Hoje, são quase 500 tipos de peças diferentes fabricadas a partir da perfeita manipulação do cipó. O trançado pode se transformar num simples porta-retrato, numa cama, num sofá, num divã e até num boneco gigante para decoração. Antes de fabricarem peças cobiçadas pelos turistas, principalmente estrangeiros, os artesãos fabricavam móveis para mobiliar suas casas, além de caçuás e cestos. Agora, cerca de 500 famílias de Cascavel sobrevivem do artesanato do cipó. O pólo da arte é o bairro da Bica, um verdadeiro showroom de cipó. As peças estão nas calçadas, quintais, varandas, amplos terrenos, à margem da principal rua da comunidade, a Estrada da Barra Nova. Todo mundo dali aprendeu a fazer pelo menos uma pequena peça. As artesãs são poucas. Os homens dominam a arte. | |